A lambedura é um comportamento natural nos cães, usado para comunicação, higiene ou até mesmo para aliviar coceiras passageiras. No entanto, quando se torna repetitiva e compulsiva, pode indicar desconforto físico ou emocional. É importante observar quando e onde o cão está se lambendo: áreas específicas (como patas ou focinho) ou situações pontuais (como após um susto) podem revelar causas diferentes.
O Spitz Alemão é uma raça conhecida por sua energia, inteligência e pelagem densa. Por serem altamente sensíveis e apegados aos tutores, tendem a desenvolver ansiedade com mais facilidade quando expostos a mudanças na rotina ou solidão prolongada. Além disso, a pelagem dupla pode esconder feridas ou irritações na pele, fazendo com que a lambedura excessiva passe despercebida inicialmente.
No Spitz Alemão, lambedura constante não só pode lesionar a pele (causando infecções ou dermatites) como também sinalizar estresse crônico. Ignorar esse comportamento pode agravar problemas de saúde e bem-estar, já que a raça tem tendência a internalizar emoções. Fique atento a sinais como:
- Lambedura em uma única região (ex.: entre os dedos);
- Alterações no apetite ou sono após episódios de lambedura;
- Agitação ou recuo ao ser interrompido.
A detecção precoce é essencial para diferenciar um hábito inofensivo de um distúrbio que exige intervenção veterinária ou comportamental.
Por que os Spitz Alemães se lambem?
Comportamento natural de limpeza
Assim como outros cães, o Spitz Alemão usa a lambedura como forma de higiene, principalmente para remover sujeira ou restos de alimentos do pelo e da pele. A raça, por ter pelagem densa e dupla, costuma lamber áreas como as patas, a região genital ou o focinho após comer ou brincar. Esse comportamento é breve, pontual e não causa irritação na pele, sendo parte da rotina de autolimpeza do animal.
Aspectos instintivos da raça
A lambedura no Spitz Alemão também está ligada a traços instintivos. Por serem originalmente cães de companhia e alerta, têm o hábito de “cuidar” de si e do ambiente ao redor, lambendo objetos ou pessoas como forma de demonstrar afeto ou explorar cheiros. Além disso, por serem sensíveis, podem usar a lambedura para liberar tensão em situações novas (como visitas na casa) ou para chamar a atenção do tutor quando se sentem negligenciados.
Diferença entre lambedura normal e excessiva
A lambedura normal ocorre de forma esporádica e sem exageros, enquanto a versão excessiva se repete por longos períodos, muitas vezes levando a feridas, falhas no pelo ou pele avermelhada. No Spitz Alemão, preste atenção se:
- O cão se lambe mesmo sem sujeira visível na região;
- O comportamento persiste por mais de 10 minutos, várias vezes ao dia;
- Há mudança de humor (ex.: agressividade ao interromper a lambedura).
Se o hábito surgir de repente ou estiver associado a coceira intensa, pode indicar desde alergias até estresse crônico, exigindo investigação profissional.
Sinais de Lambedura Excessiva
No Spitz Alemão, as regiões mais comuns são as patas dianteiras, entre os dedos, a base da cauda e as coxas. Essas áreas são alvos frequentes por estarem mais expostas a irritações (como alergias) ou por serem de fácil acesso quando o cão busca alívio emocional. A lambedura constante nesses locais pode indicar desde problemas dermatológicos até estresse, especialmente se não houver sujeira ou feridas visíveis inicialmente.
A pelagem densa da raça muitas vezes esconde os primeiros sinais. Fique atento a:
- Pelos ralos ou falhas em áreas específicas;
- Pele avermelhada, úmida ou com crostas;
- Odor forte (sinal de infecção bacteriana ou fúngica);
Feridas abertas ou “pontos quentes” (lesões inflamadas).
Essas alterações costumam piorar progressivamente se a lambedura não for controlada.
Além da lambedura, observe se o cão:
- Esconde-se ou evita contato após lamber-se;
- Rosna ou late quando alguém tenta interrompê-lo;
- Fica inquieto (anda sem rumo, não relaxa);
- Perde interesse em atividades que antes adorava, como brincar.
Esses comportamentos sugerem que o hábito está ligado a ansiedade ou desconforto emocional.
Quando considerar um problema
A lambedura exige atenção profissional se:
- Persistir por mais de 2-3 dias seguidos, mesmo após limpar a área;
- Houver sangramento, pus ou inchaço;
- O cão parar de comer ou dormir normalmente;
- Nenhuma distração (brinquedos, carinho) funcionar para interromper o comportamento.
No Spitz Alemão, é crucial agir rápido: a raça tende a piorar quadros de estresse e infecções cutâneas se não tratada a tempo.
Principais Causas
Causas Físicas
a. Alergias e problemas de pele
O Spitz Alemão pode desenvolver alergias a alimentos, pólen, ácaros ou produtos de limpeza, que causam coceira intensa. A pelagem densa mascara vermelhidão ou inchaço, levando o cão a lamber excessivamente as áreas afetadas para aliviar o desconforto. Dermatites e infecções fúngicas (como micoses) também são comuns, especialmente em regiões úmidas, como entre os dedos.
b. Parasitas
Pulgas, carrapatos e sarnas são gatilhos frequentes. A coceira causada por picadas de parasitas leva o cão a lamber ou morder a pele incessantemente. No Spitz Alemão, a sarna demodécica (comum em raças de pelagem densa) pode causar lesões graves se não tratada.
c. Dor ou desconforto
Problemas articulares (como luxação de patela), dores dentárias ou até desconforto gastrointestinal podem levar à lambedura focada em uma região específica. Por exemplo: lambedura das patas traseiras pode indicar dor nas articulações, comum em cães idosos da raça.
d. Problemas hormonais
Distúrbios como hipotireoidismo ou síndrome de Cushing alteram a saúde da pele, deixando-a seca, fina ou propensa a infecções. Isso gera coceira crônica, fazendo com que o cão lamba áreas como abdômen ou flancos.
Causas Comportamentais
a. Ansiedade
A raça é propensa a ansiedade de separação, especialmente se deixada sozinha por longos períodos. A lambedura compulsiva surge como mecanismo de alívio, muitas vezes direcionada a objetos ou às próprias patas. Barulhos altos (como tempestades) também podem desencadear o comportamento.
b. Tédio
Spitz Alemães são ativos e inteligentes. A falta de estímulos físicos e mentais (passeios curtos, brinquedos interativos) leva ao tédio, e a lambedura excessiva torna-se uma forma de “passar o tempo”. É comum ver o hábito associado a destruição de móveis ou objetos.
c. Estresse
Mudanças bruscas no ambiente (como chegada de um novo pet), brigas entre animais ou excesso de cobrança em adestramentos podem gerar estresse crônico. A lambedura atua como válvula de escape, geralmente concentrada em áreas de fácil acesso, como a base da cauda.
d. Mudanças na rotina
Essa raça valoriza rotina. Alterações simples, como horários de alimentação, troca de móveis de lugar ou ausência prolongada do tutor, podem desequilibrar emocionalmente o cão. A lambedura excessiva, nesses casos, é uma tentativa de recuperar o controle sobre o ambiente.
Observação: Identificar a causa exata requer avaliação veterinária. Muitas vezes, fatores físicos e comportamentais coexistem, especialmente em raças sensíveis como o Spitz Alemão.
Diagnóstico
a. Importância da avaliação veterinária
A avaliação veterinária é o primeiro passo para identificar a origem da lambedura excessiva. Muitos sinais físicos (como alergias ou parasitas) podem ser confundidos com estresse, e vice-versa. No Spitz Alemão, a pelagem densa dificulta a visualização de feridas ou irritações, tornando o exame clínico essencial para descartar doenças subjacentes. Além disso, a raça é propensa a problemas hormonais e articulares, que só um profissional pode confirmar.
b. Exames necessários
Dependendo dos sintomas, o veterinário pode recomendar:
- Testes de alergia (exames de sangue ou dieta de eliminação);
- Raspagem de pele (para detectar sarnas ou fungos);
- Exames de sangue (checar função tireoidiana, cortisol ou infecções);
- Raio-X ou ultrassom (se houver suspeita de dor articular ou interna);
- Citologia (análise de secreções para identificar bactérias).
Esses exames ajudam a descartar causas físicas antes de investigar questões comportamentais.
c. Avaliação comportamental
Se nenhum problema físico for detectado, a lambedura excessiva pode ter origem emocional. Nesse caso, o veterinário ou um especialista em comportamento animal irá:
- Analisar a rotina do cão (horários de passeio, interação com tutores);
- Identificar gatilhos de estresse (mudanças recentes, barulhos, solidão);
- Observar o contexto da lambedura (ocorre mais à noite? Quando o tutor sai?).
Ferramentas como questionários ou diários de comportamento (para registrar frequência e situações) são úteis. Em alguns casos, recomenda-se terapias complementares, como enriquecimento ambiental ou treinos de dessensibilização.
Dica: No Spitz Alemão, é comum que fatores físicos e emocionais se misturem. Por exemplo, uma alergia não tratada pode gerar estresse, perpetuando o ciclo de lambedura. Por isso, o diagnóstico completo é fundamental para um tratamento eficaz.
Tratamentos e Soluções
Tratamentos Médicos
a. Medicamentos específicos
Dependendo da causa, o veterinário pode prescrever:
- Antialérgicos (como anti-histamínicos) para controlar coceiras;
- Antibióticos ou antifúngicos em casos de infecções na pele;
- Anti-inflamatórios para alívio de dores articulares ou dermatites;
- Ansiolíticos ou calmantes naturais (ex.: florais de Bach) se a lambedura estiver ligada à ansiedade.
Importante: Nunca medique seu Spitz Alemão sem orientação profissional – a raça é sensível a dosagens incorretas.
b. Tratamentos tópicos
- Pomadas cicatrizantes ou hidratantes para regenerar a pele lesionada;
- Shampoos terapêuticos (com propriedades antissépticas ou calmantes) para limpar a pelagem sem irritar;
- Sprays com sabor amargo para desencorajar a lambedura em áreas específicas;
- Colar elizabetano (cone) para evitar que o cão agrave feridas.
c. Suplementação quando necessária
- Ômega-3 e vitamina E para fortalecer a saúde da pele e do pelo;
- Probióticos se houver suspeita de alergias alimentares;
- Condroitina e glicosamina para cães com dores articulares.
A suplementação deve ser sempre indicada por um veterinário após avaliação.
Soluções Comportamentais
a. Enriquecimento ambiental
- Brinquedos interativos (como dispensadores de comida) para estimular a mente;
- Mordedores seguros (de borracha resistente) para direcionar a lambedura a objetos;
- Rotação de brinquedos para manter o interesse do cão.
b. Exercícios físicos e mentais
- Passeios diários (2 a 3 vezes ao dia) para gastar energia acumulada;
- Treinos de obediência curtos (10-15 minutos) para desafiar a inteligência da raça;
- Jogos de busca ou esconder objetos para combater o tédio.
c. Técnicas de redução de estresse
- Exposição gradual a gatilhos (ex.: barulhos altos) com recompensas;
- Difusores de feromônios calmantes no ambiente;
- Criação de um “cantinho seguro” (com cobertor e brinquedos favoritos) para momentos de ansiedade.
d. Mudanças na rotina
- Estabelecer horários fixos para alimentação, passeios e brincadeiras;
- Evitar deixar o cão sozinho por longos períodos – a raça adora companhia;
- Introduzir mudanças gradualmente (ex.: novo membro na família) para minimizar o estresse.
No Spitz Alemão, combinar tratamentos médicos e ajustes comportamentais costuma ser a estratégia mais eficaz. Por exemplo, controlar uma alergia com medicamentos e, ao mesmo tempo, reduzir o tédio com brinquedos interativos pode quebrar o ciclo de lambedura excessiva. Consulte sempre um profissional para um plano personalizado!
Prevenção
a. Cuidados diários
- Higiene regular: Escove a pelagem do Spitz Alemão 2-3 vezes por semana para evitar nós e acumulo de sujeira, que podem causar coceira.
- Inspeção da pele: Após passeios, verifique entre os dedos, axilas e base da cauda em busca de parasitas ou irritações.
- Alimentação balanceada: Ofereça ração de alta qualidade, evitando ingredientes que possam desencadear alergias (como corantes ou grãos comuns).
- Hidratação: Mantenha água fresca sempre disponível, pois a pele desidratada coça mais.
b. Rotina de exercícios
- Passeios diários: 30 a 40 minutos por dia, divididos em 2 saídas, para gastar energia física e mental.
- Jogos inteligentes: Use brinquedos que liberam petiscos ou desafiam o cão a pensar (ex.: quebra-cabeças caninos).
- Treinos curtos: Comandos como “senta” ou “deita” mantêm a mente ativa e reforçam o vínculo com o tutor.
c. Ambiente adequado
- Espaço tranquilo: Garanta um local silencioso e confortável para o cão descansar, longe de barulhos altos ou movimentação constante.
- Enriquecimento seguro: Deixe brinquedos de mastigar e cobertores com seu cheiro disponíveis para reduzir a ansiedade quando ele estiver sozinho.
- Controle de temperatura: Evite ambientes muito quentes ou úmidos, que podem irritar a pele da raça.
d. Socialização
- Exposição gradual: Apresente o Spitz Alemão a pessoas, outros animais e ambientes novos desde filhote, sempre com reforço positivo (petiscos, carinho).
- Interações supervisionadas: Brincadeiras com cães tranquilos ajudam a desenvolver segurança e reduzem medos futuros.
- Evite situações estressantes: Se o cão é tímido, não force aproximações com estranhos ou ambientes caóticos (ex.: feiras barulhentas).
Combine prevenção física e emocional. Por exemplo, após um banho com shampoo hipoalergênico (cuidado físico), recompense o cão com uma sessão de carinho ou brincadeira (estímulo positivo). Isso reforça hábitos saudáveis e fortalece a confiança do Spitz Alemão!
Quando Procurar Ajuda Profissional
a. Sinais de alerta
Procure um especialista se o Spitz Alemão apresentar:
- Lambedura persistente por mais de 48 horas, mesmo após intervenções básicas (como limpeza da área);
- Feridas abertas, inchaço ou pus nas regiões lambidas;
- Mudanças bruscas de comportamento (agressividade, apatia, medo excessivo);
- Sintomas sistêmicos, como perda de apetite, vômitos ou dificuldade para respirar;
- Falha em responder a distrações ou comandos para interromper a lambedura.
b. Tipos de especialistas
- Veterinário geral: Primeiro passo para exames básicos e encaminhamentos;
- Dermatologista veterinário: Especializado em alergias, infecções de pele ou parasitas;
- Comportamentalista animal: Ajuda a identificar e tratar causas emocionais (ansiedade, estresse);
- Ortopedista veterinário: Indicado se houver suspeita de dores articulares ou musculares;
- Endocrinologista veterinário: Atua em casos de desequilíbrios hormonais.
Observação: Para questões comportamentais, adestradores positivos também podem complementar o trabalho dos especialistas.
c. Importância do diagnóstico precoce
No Spitz Alemão, o diagnóstico rápido é crucial porque:
- Problemas de pele podem se agravar rapidamente devido à pelagem densa, que retém umidade e bactérias;
- Estresse crônico pode levar a outros distúrbios, como queda de imunidade ou depressão;
- Doenças hormonais ou articulares têm melhor prognóstico quando tratadas no início;
- Hábitos compulsivos (como lambedura) se tornam mais difíceis de corrigir com o tempo.
Ignorar os sinais pode resultar em tratamentos mais longos, custosos e impactar a qualidade de vida do cão.
Não espere o problema “passar sozinho”. Spitz Alemães são discretos para demonstrar incômodo, então, ao notar qualquer alteração persistente, agende uma consulta. A prevenção de complicações começa com a ação rápida do tutor!
Conclusão
A lambedura excessiva em Spitz Alemães pode ter origens físicas (como alergias, parasitas ou dores) ou comportamentais (estresse, tédio, ansiedade). A raça, por sua pelagem densa e sensibilidade emocional, requer atenção redobrada para evitar complicações como infecções de pele ou quadros crônicos de estresse. O diagnóstico precoce, combinando avaliação veterinária e análise comportamental, é essencial para um tratamento eficaz.
Mesmo após identificar a causa e iniciar o tratamento, o monitoramento contínuo é fundamental. Spitz Alemães podem ter recaídas se expostos a gatilhos como mudanças na rotina ou alergias sazonais. Revisões periódicas com o veterinário e ajustes no ambiente (como enriquecimento ambiental) ajudam a manter o equilíbrio físico e emocional do cão.
Próximos passos para tutores
- Agende uma consulta veterinária ao notar lambedura persistente ou sinais de desconforto;
- Adapte a rotina do cão com exercícios, brincadeiras e momentos de relaxamento;
- Invista em prevenção: mantenha a pelagem bem cuidada, a alimentação equilibrada e a socialização frequente;
- Busque suporte profissional (como comportamentalistas) se o hábito persistir, mesmo após intervenções básicas.